Mudanças de hábitos não são apenas a melhor forma de prevenção, em muitos casos, também são tratamento. Dá para ver isso, por exemplo, na fibromialgia: mesmo doendo no começo, exercício físico com vigor certo alivia sintomas e reduz a necessidade de remédios. E a mesma lógica vem ganhando força em outras doenças. Agora, mais um estudo olhou para pacientes diagnosticados com pré-diabetes e diabetes tipo 2 e analisou o impacto de um pacote bem feito de alimentação e treino.
O estudo
Imagine receber um diagnóstico recente. Nada de décadas convivendo com a doença. Foi esse o perfil de 60 adultos chineses que toparam um estudo de 12 meses. A proposta do grupo de intervenção era: déficit de cerca de 500 kcal/dia com 50% carboidrato, 25% proteína e 25% gordura, 150–200 minutos/semana de aeróbico moderado e 2–3 sessões/semana de musculação.
Quer saber mais sobre longevidade?
Inscreva-se no e-mail semanal gratuito Longevidade News, produzido pelo Lasse.
Assine AQUI.
Havia ajuste periódico das calorias para manter a perda de 0,5–1 kg por semana, ligações duas vezes por semana e encontros regulares com nutricionista. O grupo controle recebeu orientações gerais de estilo de vida. Em ambos os grupos, os remédios eram usados conforme indicação médica, incluindo agonistas de GLP-1, metformina e outros.
Ao final, o que aconteceu?
Peso: o grupo de intervenção perdeu em média 19 kg; o controle praticamente não mudou.
Remissão: entre quem tinha diabetes tipo 2, 87% entraram em remissão no grupo intensivo contra 17% no controle. No estudo, remissão do diabetes significou HbA1c < 6,5% por pelo menos 3 meses após suspender hipoglicemiantes. Para pré-diabetes, o critério foi glicemia de jejum < 126 mg/dL.
Dose importa: quanto mais peso se perdeu, maior a chance de remissão.
Contexto: resultados assim aparecem quando o diagnóstico é recente. Quanto mais tempo de doença, menor a probabilidade de recuperação.
O que fica na prática
O recado principal do estudo é fácil de entender e difícil de executar: remissão depende do tamanho da perda de peso, com proteção de massa muscular e constância, e do momento em que a mudança começa — quanto mais cedo no curso da doença, maior a chance de resposta. Não precisa de fórmulas mirabolantes. Precisa de plano, execução, acompanhamento e paciência. Esses resultados se juntam a um corpo de evidências que vem mostrando os mesmos achados [1] [2] [3]. E lembre-se, não devemos esperar a mudança na HbA1c ou na glicemia de jejum para agir; sinais na insulina de jejum precedem problemas de saúde metabólica, que podem ser revertidos com esforço consistente.
É importante ressaltar as limitações. A amostra foi pequena e o seguimento durou 12 meses; precisamos de mais tempo para saber a durabilidade da remissão. Também houve apoio intensivo, algo que nem sempre existe no dia a dia — embora a IA deva facilitar muito isso no futuro próximo. Ainda assim, o padrão bate com outras pesquisas: quando o peso cai bastante, a glicose acompanha.
No fim das contas, não se trata de prometer milagres. Trata-se de olhar para o que realmente muda desfechos. Pessoas que têm pré-diabetes ou um diagnóstico recente de diabetes tipo 2, alinhando alimentação, treino e monitoramento, podem colocar o metabolismo de volta nos trilhos. E, passo a passo, transformar a saúde por completo.
Lasse Koivisto é membro da Healthy Longevity Medicine Society e mentor de diversas startups. Em 2020, iniciou um estudo aprofundado sobre longevidade e, recentemente, deu início ao projeto Alpha Origin, no qual publica semanalmente artigos que têm como propósito ajudar as pessoas a viverem mais e melhor na newsletter Longevidade News.
Em 2025 se tornou o primeiro colunista dos canais de comunicação das operadoras de saúde PASA e AMS em uma parceria para trazer mais informações aprofundadas e seguras para nossos beneficiários.



