No começo, tudo parece normal: um pouco mais de sede, um cansaço que não passa. Pequenos sinais que, na correria do dia a dia, não recebem a devida atenção. Até que um exame revela o que ninguém quer ouvir: o diagnóstico de diabetes. Uma condição que chega sem alarde, mas traz consigo a necessidade de mudança de hábitos para proteger o que temos de mais valioso: a saúde.
No Brasil, aproximadamente 17 milhões de brasileiros convivem com algum tipo de diabetes (tipo 1 ou tipo 2), colocando o país na sexta posição no ranking mundial. Mas esse não é nem o dado mais preocupante, pois 32% dessas pessoas desconhecem que vivem com a doença, aumentando o risco de complicações graves e dificultando o tratamento precoce.
Fonte: Páginas 47 e 52 do IDF Diabetes Atlas 2025
Você sabe o que é o diabetes?
O diabetes é uma condição metabólica caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, ocasionada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que controla a glicose no sangue.
A falta de insulina causa hiperglicemia porque a insulina é o hormônio responsável por permitir que a glicose entre nas células para ser usada como energia ou armazenada. Sem insulina (ou com resistência à insulina), a glicose ficaacumulada no sangue, elevando sua concentração.
Esse acúmulo pode acarretar:
- Danos aos vasos sanguíneos: aumenta risco de doenças cardiovasculares.
- Lesões nos nervos: dor, perda de sensibilidade.
- Comprometimento dos rins: pode levar à insuficiência renal.
- Problemas oculares: risco de cegueira.
- Maior suscetibilidade a infecções: porque o sistema imunológico é afetado.
O diabetes é uma doença hereditária, mas também pode ser adquirida por sedentarismo e maus hábitos alimentares, podendo ser dividido em dois tipos:
Diabetes tipo 1:
A doença é autoimune caracterizada pela destruição das células produtoras de insulina pelo próprio corpo, acarretando em sua falta. Geralmente considerada o tipo mais delicado por seu desenvolvimento inicial mais abrupto.
Diabetes tipo 2:
Neste caso, a condição se define pela resistência à insulina e pela produção insuficiente pelo pâncreas. É o tipo de diabetes mais comum, chegando a 90% dos diagnósticos.
| Caracteríisticas | Diabetes tipo 1 | Diabetes tipo 2 |
|---|---|---|
| Frequência | Ocorre mais frequentemente em crianças e adolescentes | Geralmente diagnosticado em adultos, mas a obesidade tem levado a um aumento em jovens. |
| Sintomas | Perda de peso, fraqueza, fadiga, náuseas e vômitos | Visão embaçada, formigamento nos pés e mãos, infecções frequentes na bexiga, rins, pele e demora na cicatrização de feridas |
| Tratamento | Administração de insulina injetável desde o diagnóstico | Mudança de hábitos alimentares, práticas de exercícios, controle de peso e medicamentos sob prescrição médica |
| Prevenção | Não é possível prevenir, por ser autoimune | Fatores como obesidade e sedentarismo podem ser prevenidos para reduzir o risco. |
*Além dos sintomas exclusivos de cada tipo, fome constante, sede persistente e vontade de urinar diversas vezes ao dia são sinais comuns aos dois tipos e devem ter sua atenção.
Diagnóstico precoce: por que ele salva vidas
O diabetes pode evoluir por anos, sem apresentar sintomas claros. Por isso, o diagnóstico precoce é de suma importância para evitar complicações graves como insuficiência renal, cegueira e doenças cardiovasculares.
Os exames mais comuns para detectar a doença são:
- Glicemia de jejum: mede a quantidade de glicose no sangue após 8 horas sem comer.
- Hemoglobina glicada (HbA1c): indica a média da glicose nos últimos três meses. Não exige jejum e pode ser solicitado para auxiliar no diagnóstico ou monitorar o tratamento.
- Teste oral de tolerância à glicose: avalia como o corpo processa o açúcar após ingestão controlada. Realizado principalmente em casos de suspeita de diabetes gestacional.
Para quem tem fatores de risco, como histórico familiar, obesidade ou sedentarismo, a recomendação é realizar esses exames regularmente. Quanto antes a doença for identificada, maiores as chances de controle sem complicações.
Mudança de hábitos: pequenas escolhas, grandes resultados
Controlar ou prevenir o diabetes não exige medidas drásticas, mas sim constância em escolhas simples:
- Troque refrigerantes por água ou sucos naturais aproveitando o açúcar natural da fruta
- Inclua 30 minutos de caminhada diária na rotina
- Priorize alimentos naturais como:frutas, legumes, proteínas magras
- Reduza ultraprocessados: biscoitos, salgadinhos e produtos ricos em açúcar
Essas mudanças ajudam a manter o peso saudável, melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir o risco de complicações. O segredo está na regularidade: pequenas atitudes diárias têm impacto enorme a longo prazo.
Mitos e verdades sobre a diabetes:
❌ Mito: Pessoas magras não têm diabetes.
✅ Verdade: O diabetes não escolhe biotipo, essa ideia pode levar muitas pessoas a ignorarem sinais importantes da doença.
❌ Mito: Pessoas com diabetes não podem comer nada doce.
✅ Verdade: Com orientação médica e equilíbrio, é possível consumir pequenas porções de forma controlada.
❌ Mito: Apenas pessoas mais velhas têm diabetes.
✅ Verdade: A doença pode aparecer em qualquer idade, até mesmo em crianças e adolescentes.
❌ Mito: Diabetes é causado apenas pelo excesso de açúcar.
✅ Verdade: Os doces não são os únicos vilões, o descontrole alimentar é o verdadeiro problema. Pães, massas e frituras também podem alterar a glicose.
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